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Segunda Igreja Presbiteriana de Nilópolis, foi organizada em 04/05/1958!

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domingo, 26 de outubro de 2025

SERMÃO: O Desafio da Fidelidade na Pós-Reforma: Mantendo a Chama Acesa

 SERMÃO: O Desafio da Fidelidade na Pós-Reforma: Mantendo a Chama Acesa

Texto Bíblico (ARA) Hebreus 10.23:

Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem prometeu é fiel.

Exórdio:

Meus irmãos e minhas irmãs a Graça e Paz em Cristo Jesus, estejam convosco!

Neste domingo, 26 de outubro de 2025, ao olharmos para a história da Igreja, há um marco indelével que ressoa até hoje: a Reforma Protestante, iniciada em 1517. Foi um período de fervor, de redescoberta das verdades centrais do Evangelho – Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide. A Bíblia foi devolvida ao povo, e a justificação pela fé foi proclamada novamente.

Mas, e o que veio depois?

O pós-Reforma, um período que se estende aproximadamente do final do século XVI até o início do século XVIII (marcado por eventos como a Paz de Vestfália em 1648, que encerrou as grandes guerras religiosas), foi um tempo de grandes desafios. A Igreja, agora dividida e estabelecida em novas denominações, precisava ir além da "tese" e da "disputa" para viver a fé no cotidiano, em meio a perseguições, conflitos doutrinários e a tentação da formalidade. O fogo da redescoberta precisava se transformar em uma luz constante.

O texto de Hebreus 10:23 nos traz a essência do desafio pós-reforma, que é também o nosso desafio hoje: "Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem prometeu é fiel." A ênfase muda do ato inicial de confessar (o que a Reforma fez) para o ato contínuo de "guardar firme" (o que o pós-Reforma precisava fazer).

A mensagem para nós, hoje, ecoa a necessidade daquela geração: É tempo de Fidelidade Perseverante. Três Pontos de Reflexão

I. Guardar a Confissão (A Pureza da Doutrina)

A Confissão, no contexto de Hebreus, e também no contexto pós-Reforma, não é apenas um sentimento, mas a doutrina publicamente professada.

Os reformadores estabeleceram as bases, mas a geração seguinte teve a missão de sistematizar e proteger essa fé. Surgiram os grandes credos e catecismos (como a Confissão de Fé de Westminster, o Catecismo de Heidelberg), que eram tentativas de firmar a confissão bíblica contra os desvios.

·         O Perigo da Formalidade: O zelo inicial da Reforma correu o risco de se tornar uma ortodoxia fria e puramente intelectual. O povo sabia "o que" crer, mas corria o risco de perder "o porquê" e "o como" viver.

·         O Alerta do Texto: Precisamos guardar a confissão (a verdade bíblica) não apenas na mente, mas no coração. A pureza da doutrina deve levar à pureza da vida. A Bíblia, que foi libertada para ser lida, deve ser vivida.

II. Manter a Esperança (O Foco no Invisível)

O período pós-Reforma foi marcado por grande turbulência. As guerras religiosas (como a Guerra dos Trinta Anos) devastaram a Europa, as divisões internas (luteranos, calvinistas, anabatistas, anglicanos) geravam conflito, e a perseguição não cessava.

Nessas circunstâncias, a esperança humana esmorece. O autor de Hebreus lembra à sua comunidade que eles precisavam de "perseverança" para receber a promessa (Hebreus 10:36).

·         A Esperança sem Vacilar: A palavra grega para "sem vacilar" (ἀκλινῆ - aklinē) significa "sem inclinar", "firme", "inabalável". É a âncora que não se move, mesmo com o balanço do mar.

·         O Fundamento da Esperança: Nossa esperança não está no sucesso de nossa denominação, no poder político dos nossos líderes, ou na estabilidade do nosso tempo. Nossa esperança está na promessa de que "quem prometeu é fiel". DEUS não mente. Ele não falha. Esta certeza inabalável é o que sustentou os crentes em meio à instabilidade pós-reforma e deve sustentar-nos hoje.

III. Confiar na Fidelidade de DEUS (O Motor da Perseverança)

No final de Hebreus 10:23, encontramos o motor que nos impulsiona: "pois quem prometeu é fiel."

Na verdade, nossa fidelidade ("Guardemos firme...") é apenas uma resposta à fidelidade de DEUS. Ele é o DEUS que permanece fiel mesmo quando somos infiéis (2 Timóteo 2:13).

A geração pós-Reforma, ao estabelecer as igrejas e doutrinas, precisava confiar que Aquele que havia iniciado a obra (a redescoberta da graça) era o mesmo que a levaria a termo.

·         A Fidelidade de DEUS como Garantia: Se DEUS é fiel para cumprir Sua promessa de Salvação por meio de Cristo (a essência da Reforma), Ele também é fiel para nos sustentar na vida diária (a necessidade do pós-Reforma).

·         O Chamado à Estabilidade: Em um mundo de incertezas (políticas, econômicas, sociais), a fidelidade de DEUS é nossa única rocha. Isso nos chama a uma vida de estabilidade e de firmeza, sabendo que nosso trabalho no SENHOR não é vão (1 Coríntios 15:58).

Aplicação

Meus amados, a nossa era é um novo pós-Reforma. Vivemos em um tempo de grande conhecimento bíblico (graças à herança reformada), mas também de grande instabilidade e pressão cultural.

Como aplicar o princípio de Fidelidade Perseverante hoje, à luz de Hebreus 10:23?

1.   Reavive a Ortodoxia com Paixão (Guardar a Confissão): Não permita que a sua fé seja apenas uma lista de doutrinas frias. Busque a Palavra (a Bíblia) não apenas para saber, mas para se transformar. Que o seu credo leve à sua conduta.

2.   Persevere nos Tempos Difíceis (Manter a Esperança): O mundo está cheio de falsas esperanças e de desânimo. Lembre-se: o DEUS que nos resgatou do Egito do pecado é o mesmo que nos guiará à Terra Prometida da Glória. Não vacile diante das perseguições, dos ataques à verdade, ou das frustrações da vida. O retorno de Cristo é certo!

3.   Descanse e Responda (Confiar na Fidelidade de DEUS): Se Ele é fiel, podemos descansar em Sua soberania e, então, responder com nossa própria fidelidade. Isso significa:

o    Fidelidade no Serviço: Servindo com amor e perseverança, mesmo que não haja reconhecimento.

o    Fidelidade no Testemunho: Vivendo uma vida que honre a graça que nos salvou.

o    Fidelidade na Comunhão: Amando e encorajando a comunidade de fé, conforme o versículo seguinte nos exorta: "Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras" (Hb 10:24).

Que o SENHOR nos ajude, como ajudou a geração pós-Reforma, a "Guardar firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem prometeu é fiel." Amém.

Referências:

MULLER, Richard A. Post-Reformation Reformed Dogmatics. Grand Rapids: Baker Academic.

COSTA, Hermisten Maia Pereira da. Ortodoxia Protestante: Um Desafio à Teologia e à Piedade.

WESTMINSTER, Assembleia de. Confissão de Fé de Westminster e Catecismos Maior e Breve (1646-1647). São Paulo: Editora Cultura Cristã ou Monergismo.

HÄGGLUND, Bengt. História da Teologia. São Paulo: Editora Concórdia.

BRUCE, F. F. Comentário do Novo Testamento: Hebreus. São Paulo: Editora Vida Nova.

CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã. Livro III (Capítulos sobre a Vida Cristã e a Justificação pela Fé). São Paulo: Editora Cultura Cristã.

domingo, 19 de outubro de 2025

Sermão: O Desenvolvimento da Reforma: A Suficiência da Palavra

Sermão: O Desenvolvimento da Reforma: A Suficiência da Palavra

Texto Bíblico Base 2ª Timóteo 3.16-17 (ARA): 16 "Toda a Escritura é inspirada por DEUS e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17 a fim de que o homem de DEUS seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra."

Exórdio (A Crise e a Solução Descoberta)

Prezados irmãos e irmãs na graça e paz em Cristo Jesus,

Neste domingo, 19 de outubro de 2025, voltamos nosso olhar para um dos períodos mais transformadores da história cristã: a Reforma Protestante. Iniciada simbolicamente em 31 de outubro de 1517, com a fixação das 95 Teses de Martinho Lutero, a Reforma não foi um evento isolado, mas um desenvolvimento progressivo de uma verdade bíblica redescoberta.

O mundo cristão da época estava preso em tradições, hierarquias e no medo. O acesso à graça de DEUS era visto como mediado por obras, rituais e dinheiro. O coração humano estava faminto, mas a fonte da vida, a Bíblia, estava escondida em línguas que o povo não entendia.

O desenvolvimento da Reforma foi, essencialmente, a resposta de DEUS àquela crise. O Senhor descerrou a autoridade de Sua Palavra. Nosso texto de 2 Timóteo nos assegura: "Toda a Escritura é inspirada por DEUS e útil..." O desenvolvimento da Reforma é a história de como esta verdade se tornou o fundamento de toda a fé.

Vamos seguir o desenvolvimento da Reforma através de três pilares temporais e doutrinários.

Pontos do Sermão: O Desenvolvimento por Pilares Bíblicos

1. O Pilar da Autoridade (1517–1525): Sola Scriptura

  • Período e Contexto: Os anos imediatamente após 1517 marcam a fase de confrontação de Lutero com a Igreja e o Império. Após o debate de Leipzig e o desdobramento das 95 Teses, a autoridade do Papa e da tradição foi colocada em cheque. O ponto de virada foi a Dieta de Worms em 1521, onde Lutero declarou: "Minha consciência está cativa à Palavra de DEUS."
  • Desenvolvimento Doutrinário: O princípio que se estabeleceu foi o Sola Scriptura (Somente a Escritura). Isso significou que a Bíblia, e não a tradição eclesiástica ou os decretos papais, é a única regra de fé e prática.
  • Conexão Bíblica (2 Tm 3:16a): A Escritura é "inspirada por DEUS" (literalmente, "soprada por DEUS"). Se ela é a própria Palavra de DEUS, nenhuma autoridade humana pode estar acima dela. A Reforma começou porque a autoridade bíblica foi restaurada.

2. O Pilar da Soteriologia (1525–1540): Sola Fide e Sola Gratia

Soteriologia é o estudo da salvação e de como ela é alcançada, sendo uma área da teologia sistemática. O termo vem do grego soter ("salvador") e logos ("estudo"), e abrange doutrinas religiosas sobre a salvação humana, incluindo conceitos como fé, graça e o papel de Cristo.

  • Período e Contexto: Esta fase de meados do século XVI é marcada pela consolidação teológica na Alemanha (Lutero e Melanchthon) e pela ascensão do movimento em outros lugares, como a Suíça, com Ulrico Zuínglio (Zurique) e, mais tarde, João Calvino (Genebra). O foco se move para o caminho da salvação.
  • Desenvolvimento Doutrinário: O princípio da Sola Fide (Somente a Fé) e da Sola Gratia (Somente a Graça) floresceu. Em um mundo que ainda buscava o perdão através do mérito humano (penitências, indulgências), a Reforma reafirmou que a salvação é inteiramente gratuita, recebida somente pela fé na obra de Cristo.
  • Conexão Bíblica (2 Tm 3:16b): A Escritura é "útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça". A Bíblia nos ensina que a justiça de DEUS é uma dádiva que recebemos (pela fé) e não uma tarefa que realizamos (pelas obras). Este ensino bíblico corrigiu o grave erro da justificação pelo mérito humano, garantindo que o homem fosse salvo pela graça e não por sua performance.

3. O Pilar da Eclesiologia e da Vida (1540–1564): Solus Christus e Soli Deo Gloria

Eclesiologia é o ramo da teologia cristã que estuda a doutrina da igreja, abordando sua origem, natureza, propósito, organização, história e seu papel no mundo. Derivado do grego "ekklesia" (assembleia), o termo se refere ao estudo sobre a igreja, seus membros, seu funcionamento, governo, disciplina e sua relação com a sociedade e a história.

  • Período e Contexto: Este último período vê a Reforma se internacionalizar (Calvino, John Knox) e se organizar em estruturas eclesiásticas (Presbiterianas, Reformadas). A resposta Católica, a Contrarreforma (Concílio de Trento, 1545-1563), solidificou as diferenças. O foco se torna a suficiência de Cristo e a aplicação total na vida.
  • Desenvolvimento Doutrinário: Os princípios do Solus Christus (Somente Cristo) e Soli Deo Gloria (Glória Somente a DEUS) se consolidaram. Se a Escritura é a autoridade e a salvação é pela graça, então não pode haver outro mediador senão Jesus Cristo, e o propósito final de tudo é a glória de DEUS.
  • Conexão Bíblica (2 Tm 3:17): A finalidade da Palavra é "a fim de que o homem de DEUS seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra". O objetivo da Reforma era produzir um crente completo (perfeito) e equipado (habilitado) por Cristo. Isso derrubou a divisão entre vida secular e religiosa: toda vocação (trabalho) e toda a vida do cristão deve ser feita para a glória de DEUS.

Aplicação (Conclusão)

Irmãos, o desenvolvimento da Reforma Protestante nos lembra que não podemos viver à margem da Palavra. As verdades redescobertas há 500 anos continuam sendo o nosso alicerce:

1.   Avalie sua Autoridade (Sola Scriptura): Onde você busca a verdade final para sua vida? Na cultura, na opinião popular ou nas Escrituras? O homem de DEUS é completo e habilitado pela Palavra. Volte-se à leitura, ao estudo e à meditação diária da Bíblia, sabendo que ela é suficiente.

2.   Descanse em Sua Suficiência (Sola Gratia, Solus Christus): Não tente salvar a si mesmo com suas boas ações. A justiça não é sua conquista; é a justiça imputada de Cristo. Descanse na suficiência da Sua cruz, que o absolveu de uma vez por todas.

3.   Viva para a Glória Dele (Soli Deo Gloria): Se o desenvolvimento da Reforma nos ensinou algo, é que a salvação tem um propósito: que DEUS receba toda a glória. Que suas tarefas diárias, seu trabalho e seus relacionamentos sejam um altar onde você oferece adoração, vivendo perfeitamente habilitado para toda boa obra para que somente o nome do Senhor seja glorificado.

Que o Senhor nos conceda a graça de continuarmos a nos reformar, à luz da Sua Palavra, até que Ele venha. Amém.

Referências:

GONZALEZ, Justo L. Uma História Ilustrada do Cristianismo: A Era dos Reformadores. Volume 6. São Paulo: Editora Vida Nova.

LINDBERG, Carter. História da Reforma. São Paulo: Cultura Cristã.

BARRETT, Matthew. Os 5 Solas da Reforma. São Paulo: Cultura Cristã.

FERREIRA, Franklin. A Igreja Cristã na História. São Paulo: Editora Hagnos.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry.

domingo, 12 de outubro de 2025

SERMÂO: O Fogo da Fé: O Início da Reforma e a Redescoberta da Verdade

SERMÂO: O Fogo da Fé: O Início da Reforma e a  e a Redescoberta da Verdade!

O tema é tão profundo e transformador! O início da Reforma Protestante, liderado por Martinho Lutero, foi um retorno crucial às verdades fundamentais da Palavra de DEUS.

O texto central que iluminou a mente de Lutero e serviu como motor para a Reforma é encontrado na Epístola de Paulo aos Romanos:

Texto Bíblico Base Romanos 1.17:

ARA: Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.

NAA: Porque a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: "O justo viverá por fé."

NVI: Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: "O justo viverá pela fé".

NTLH: Pois o evangelho mostra como é que Deus nos aceita: é por meio da fé, do começo ao fim. Como dizem as Escrituras Sagradas: "Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus."

Grego: Διοτι δι' αυτου αποκαλυπτεται η δικαιοσυνη του Θεου εκ πιστεως εις πιστιν, καθως ειναι γεγραμμενον· Ο δε δικαιος θελει ζησει εκ πιστεως.

Tradução: Pois por meio Dele se revela a justiça de DEUS, de fé em fé, como está escrito: "O justo viverá pela fé".

Exórdio (Introdução)

Prezados irmãos e irmãs em Cristo Jesus,

Neste domingo, 12 de outubro de 2025, podemos perceber que a quase 508 anos, em 31 de outubro de 1517, um humilde monge e professor de teologia, Martinho Lutero, afixou 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha. Ele não pretendia causar uma revolução, mas sim um debate acadêmico sobre a prática da venda de indulgências – a ideia de que o perdão dos pecados ou a libertação do purgatório poderia ser comprado.

No entanto, por trás desse ato, havia uma luta interior profunda. Lutero estava atormentado pela questão fundamental: Como um pecador pode ser justo diante de um DEUS Santo? Ele tentou por meio de obras, jejuns e penitências, mas encontrava apenas condenação. Foi no estudo das Escrituras, em especial no livro de Romanos, que o Espírito Santo acendeu um fogo em sua alma.

O texto de Romanos 1:17 tornou-se o raio de luz que dissipou as trevas: "O justo viverá pela fé." Esta frase não é apenas uma citação, mas o coração da Reforma Protestante. Hoje, olharemos para o início desse movimento não como uma lição de história, mas como um chamado perene ao fundamento da nossa fé.

1. A Justiça Revelada: Não é Ira, é Presente (Romanos 1:17a - "Pois no evangelho a justiça de DEUS é revelada")

Para Lutero, a "justiça de DEUS" era, inicialmente, uma ideia aterrorizante – a justiça que pune o pecador. Ele via em DEUS um juiz implacável. Mas, ao contemplar o Evangelho, ele percebeu uma verdade gloriosa: a justiça de DEUS revelada em Cristo é a justiça que DEUS provê para o pecador.

  • Não é a justiça que Ele exige que tenhamos, mas a justiça que Ele oferece e nos imputa pela graça.
  • O Evangelho revela que DEUS não nos deixou em nossa miséria. Em vez disso, Ele enviou Seu Filho para cumprir toda a justiça em nosso lugar.
  • A Reforma começou quando Lutero parou de tentar ganhar a justiça e começou a recebê-la.

Pergunta de Reflexão: Você ainda está tentando se justificar diante de DEUS pelas suas boas ações, ou já descansou na justiça perfeita de Cristo?

2. O Caminho da Salvação: Somente a Fé (Romanos 1:17b - "uma justiça que do princípio ao fim é pela fé")

A palavra "fé" (em grego: pistis) é o único canal para receber essa justiça. A teologia da época promovia a ideia de que a graça de DEUS era concedida mediante a fé e as obras (incluindo o pagamento das indulgências, sacramentos, etc.). Isso colocava um fardo insuportável sobre o povo, pois a salvação dependia de seu próprio esforço e mérito.

  • A Reforma resgatou o princípio de Sola Fide (Somente a Fé). A fé não é uma "obra" meritória; é a mão vazia que recebe o presente da salvação.
  • A fé nos conecta a Cristo, e Sua justiça é contada como nossa. Somos declarados justos, não porque somos perfeitos, mas porque Ele é perfeito.
  • A nossa confiança deve estar totalmente em Cristo e em Sua obra consumada na cruz, e não em rituais, dinheiro ou no mérito humano.

Pergunta de Reflexão: Onde você tem depositado a sua confiança para a vida eterna? No que você faz ou no que Cristo fez?

3. O Princípio de Vida: A Consequência da Fé (Romanos 1:17c - "como está escrito: 'O justo viverá pela fé'")

Essa citação de Habacuque 2:4 não fala apenas sobre o início da salvação, mas sobre o modo de vida do crente. Uma vez que somos justificados pela fé, nossa vida inteira é chamada a ser vivida pela fé.

  • A fé que justifica não é estéril; ela produz frutos (Tiago 2:17). Somos salvos pela fé somente, mas a fé que salva nunca está sozinha.
  • Viver pela fé significa depender diariamente da Palavra de DEUS (Sola Scriptura), buscar a glória de DEUS em tudo (Soli Deo Gloria) e saber que Ele é o nosso único Mediador (Solus Christus).
  • A fé é o oxigênio espiritual que nos sustenta nas provações e nos motiva a amar e servir ao nosso próximo, não para sermos salvos, mas porque já somos salvos.

Pergunta de Reflexão: Sua vida reflete uma confiança diária na suficiência de Cristo, ou você está vivendo sob a pressão de provar-se digno?

Aplicação

Irmãos, o início da Reforma Protestante não é um marco distante. É um espelho para a nossa alma.

1. Examine o seu Coração: A principal luta de Lutero era contra um evangelho distorcido que vendia a graça e exigia mérito. Olhe para a sua vida: você está tentando "comprar" o favor de DEUS com religiosidade, dízimos, ou ativismo? A Palavra de DEUS nos chama ao descanso: A salvação é presente de DEUS, mediante a fé, e não de obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2:8-9). Abandone a religião do mérito e abrace o Evangelho da graça.

2. Retorne à Palavra (Sola Scriptura): Lutero encontrou a verdade nas Escrituras, a Palavra de DEUS era a autoridade final, acima de qualquer tradição humana. Não baseie sua fé em experiências vazias ou na voz da cultura, mas na voz inerrante e suficiente de DEUS. Se você negligenciar a leitura e o estudo da Bíblia, você se tornará vulnerável a qualquer vento de doutrina. Mergulhe diariamente nas Escrituras!

3. Viva para a Glória Dele (Soli Deo Gloria): A redescoberta da graça e da fé deve levar a uma vida de gratidão radical, onde o único objetivo é glorificar a DEUS. Se a justiça é um presente, o nosso único ato de adoração e resposta é viver totalmente para Aquele que nos salvou. Que seu trabalho, sua família, seus hobbies e cada centímetro da sua vida seja uma proclamação silenciosa e audível de que somente a DEUS pertence toda a glória.

Que o fogo da fé que ardeu no coração de Lutero continue a queimar em cada um de nós, nos guiando a vivermos a cada dia como justos, pela fé, para a glória de DEUS! Amém.

Referências:

1.   F. F. Bruce, 1 and 2 Corinthians (New Century Bible Commentary).

2.   Gordon D. Fee, The First Epistle to the Corinthians (New International Commentary on the New Testament).

3.   Charles Hodge, Comentário de 1 Coríntios.

4.   John Calvin (João Calvino), Commentaries on the Epistles of Paul to the Corinthians.

5.   Henry Drummond, The Greatest Thing in the World.

6.   C. S. Lewis, The Four Loves.

7.   Bainton, Roland H. Here I Stand: A Life of Martin Luther.

8.   Obermann, Heiko A. Luther: Man Between God and the Devil.

domingo, 5 de outubro de 2025

Sermão: A Luz Antes do Amanhecer (sobre a Pré-Reforma)

 Sermão: A Luz Antes do Amanhecer (sobre a Pré-Reforma)

Texto Base João 1.1-5:

Grego Receptus: 1. εν αρχη ην ο λογος και ο λογος ην προς τον θεον και θεος ην ο λογος 2. ουτος ην εν αρχη προς τον θεον 3. παντα δι αυτου εγενετο και χωρις αυτου εγενετο ουδε εν ο γεγονεν 4. εν αυτω ζωη ην και η ζωη ην το φως των ανθρωπων 5. και το φως εν τη σκοτια φαινει και η σκοτια αυτο ου κατελαβεν

Transliteração: 1. en archē ēn ho logos, kai ho logos ēn pros ton theon, kai theos ēn ho logos. 2. houtos ēn en archē pros ton theon. 3. panta di’ autou egeneto, kai chōris autou egeneto oude hen ho gegonen. 4. en autō zōē ēn, kai hē zōē ēn to phōs tōn anthrōpōn. 5. kai to phōs en tē skotia phainei, kai hē skotia auto ou katelaben.

ARA - 1. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2. Ele estava no princípio com Deus. 3. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. 4. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. 5. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.

ACF - 1. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2. Ele estava no princípio com Deus. 3. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. 4. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

NVI - 1. No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. 2. Ela estava com Deus no princípio. 3. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. 4. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. 5. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram.

NTLH - 1. No começo aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus. 2. Desde o princípio, a Palavra estava com Deus. 3. Por meio da Palavra, Deus fez todas as coisas, e nada do que existe foi feito sem ela. 4. A Palavra era a fonte da vida, e essa vida trouxe a luz para todas as pessoas. 5. A luz brilha na escuridão, e a escuridão não conseguiu apagá-la.

Exórdio

Meus irmãos e minhas irmãs na Graça e Paz em Cristo Jesus, 

Neste domingo, 05 de outubro de 2025, veremos que a história da nossa fé não é uma linha reta e perfeita. Ela é marcada por altos e baixos, por avivamentos e por períodos de escuridão. Muitos de nós pensamos na Reforma Protestante como um evento repentino e explosivo, liderado por Martinho Lutero em 1517. Mas a verdade é que, antes daquele amanhecer, houve um longo crepúsculo. Entre os séculos XIV (1301 a 1400) e XV (1401 a 1500), homens e mulheres se levantaram, e como a luz em nosso texto, resplandeceram nas trevas, preparando o caminho para a grande mudança que viria. Eles foram a pré-reforma.

João nos diz que a luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam. Esta é uma metáfora poderosa. A Palavra de Deus, o Verbo, é a luz. No período que antecedeu a Reforma, essa luz estava sendo obscurecida por tradições, superstições e abusos. Mas Deus, em Sua soberania, levantou vozes para clamar por essa luz novamente, para trazer a Palavra de volta ao seu devido lugar.

Hoje, vamos refletir sobre três pontos cruciais que a pré-reforma nos ensina, ecoando a verdade de João 1.

1. A Redescoberta da Palavra de Deus

João 1:1: "No princípio era o Verbo..."

O primeiro ponto da pré-reforma foi a redescoberta da supremacia da Bíblia. Durante séculos, a Palavra de Deus foi reservada quase exclusivamente ao clero, escrita em latim, uma língua que o povo comum não entendia. As tradições da igreja muitas vezes superavam a autoridade das Escrituras.

Foi no final do século XIV que Deus levantou John Wycliffe (c. 1328-1384) na Inglaterra. Ele é conhecido como o "estrela da manhã da Reforma". Wycliffe dedicou sua vida a traduzir a Bíblia para o inglês, para que o homem comum pudesse ler e compreender a verdade por si mesmo. Ele sabia que o poder transformador não estava em rituais ou em decretos humanos, mas na Palavra viva de Deus. O Salmo 119:105 diz: "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para o meu caminho." A pré-reforma foi o movimento que tentou reacender essa lâmpada.

2. A Necessidade da Graça e da Fé

João 1:4: "Nele estava a vida..."

O segundo ponto é a ênfase na salvação pela graça de Deus, através da fé. O sistema religioso da época criava um fardo pesado sobre as pessoas, que tentavam comprar sua salvação ou a de seus entes queridos através de indulgências, peregrinações e outras obras. A vida de fé se tornava um negócio, não um relacionamento com Deus.

No início do século XV, Jan Hus (c. 1369-1415), da Boêmia (atual República Tcheca), foi grandemente influenciado pelos escritos de Wycliffe. Ele levantou a voz contra a venda de indulgências e pregou corajosamente que a salvação vem pela graça de Deus, recebida pela fé em Cristo, e não por méritos humanos. Ele foi martirizado em 1415 por essa convicção, mas suas palavras e seu testemunho se espalharam, sementes plantadas em solo fértil. A Escritura em Efésios 2:8-9 é clara: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem de obras, para que ninguém se glorie."

3. O Sacerdócio de Todos os Crentes

João 1:3: "Todas as coisas foram feitas por intermédio dele..."

O terceiro e último ponto é a verdade de que o Verbo, Jesus Cristo, é o único mediador entre Deus e os homens. O sistema religioso da época colocava o clero como um intermediário essencial, o único que podia ministrar a graça de Deus.

A pré-reforma começou a contestar essa estrutura, sugerindo que todo crente, por ter a luz do Verbo em sua vida, tem acesso direto a Deus. Wycliffe, Hus e outros entendiam que, em Cristo, a barreira foi derrubada. 1 Timóteo 2:5 afirma: "Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem." Eles nos mostram que a verdadeira autoridade reside em Cristo, e não em uma hierarquia terrena.

Aplicação

Hoje, a luz do evangelho brilha com clareza em muitos lugares. Temos a Bíblia em nossa própria língua, a liberdade de adorar e o conhecimento de que a salvação é um presente de Deus. No entanto, o perigo de obscurecer a luz ainda existe.

Primeiro, a redescoberta da Palavra: Será que estamos lendo a Bíblia para entender a vontade de Deus ou apenas para confirmar nossas próprias opiniões? Vamos nos comprometer a ler as Escrituras como a autoridade final para nossa vida.

Segundo, a necessidade da graça e da fé: Será que estamos caindo na armadilha de pensar que somos "bons o suficiente" para Deus, que nossas boas obras nos garantem algo? Lembremos que nossa justiça é como trapos de imundícia aos olhos de Deus. A salvação é somente pela graça, através da fé em Jesus Cristo.

Terceiro, o sacerdócio de todos os crentes: Será que estamos vivendo como se tivéssemos acesso direto a Deus? Não precisamos de intermediários, de rituais ou de rituais complexos para orar e adorar. Somos sacerdotes para o Senhor, chamados a viver e a servir em Sua presença.

Que a luz do Verbo resplandeça em nossos corações e em nossas vidas. Que as trevas da ignorância, do legalismo e da autossuficiência não a compreendam. O legado da pré-reforma nos desafia a ser vigilantes, a manter a Bíblia no centro de nossa fé e a viver como o povo de Deus, redimido pela graça, em um relacionamento direto com o nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.

Amém.

Referências:

1.   CARSON, D. A. The Gospel According to John. Grand Rapids: Eerdmans, 1991.

2.  BARRETT, C. K. The Gospel According to St. John: An Introduction with Commentary and Notes on the Greek Text. 2. ed. Philadelphia: Westminster Press, 1978.

3.  HENDRIKSEN, William. Exposição do Evangelho de João. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

4.  SHEDD, William G. T. Dogmática Teológica. 3. ed. São Paulo: Hagnos, 2021.

5. GONZALEZ, Justo L. Uma História Ilustrada do Cristianismo: A Era dos Reformadores. Vol. 6. São Paulo: Hagnos, 2011.

6. CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos: Uma História da Igreja Cristã. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2008.

7. NICHOLS, Robert Hastings. História da Igreja Cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 1998.

8. BÍBLIA SAGRADA. Almeida Revista e Atualizada (ARA). São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.


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