A Educação Cristã - Parte 2

Continuação: A Educação Cristã - Parte 2
A educação é o mecanismo pelo qual o ser humano avança rumo ao crescimento pessoal e coletivo, desenvolvendo-se por completo, junto ao núcleo da humanidade ao qual pertence. Dentro desta forma conceitual, caracteriza-se a educação como ver-se-á na perspectiva cristã.
1.3. A PERSPECTIVA CRISTÃ DA EDUCAÇÃO
Educação cristã é um desígnio em Cristo Jesus, “feito geralmente pelos membros da comunidade cristã, de participar das mudanças que têm lugar nas pessoas em sua relação com Deus, com a Igreja, com outros indivíduos e consigo” , levando as pessoas a uma “vida crescente e dinâmica de fidelidade a Deus e à Sua Palavra” . “Pela educação, a Palavra de Deus atinge o homem em toda sua realidade espiritual e material (...) A educação é um verdadeiro investimento nos leigos”.
Assim, a educação cristã é um processo, tanto de transformação como de formação de pessoas e de comunidades, pois “facilita, promove, gera, guia, acompanha e estimula o desenvolvimento das pessoas, a partir do nascimento até a maturidade e a morte”.
John H. Westerhoff III expôs que a educação cristã versa em “todos os esforços deliberados, sistemáticos e sustentados, pelos quais a comunidade da fé procura facilitar o desenvolvimento de um estilo cristão de vida, por parte de pessoas e grupos”.
A obra da educação cristã é tarefa própria da Igreja toda, desde o púlpito até a mais modesta sociedade doméstica; do pastor ao crente recém-recebido à comunhão da Igreja. “Uma educação cristã eficaz conduz o povo ao estudo da Bíblia como um meio de crescimento, não como fim em si mesmo. Um estudo fiel da Bíblia deve ser um meio de aprendizado para conhecer e obedecer a Deus”.
Entretanto, para se ter uma visão mais específica acerca da Educação Cristã, faz-se necessário examinar a Escritura com maior profundidade. A mentalidade semítica presente no Antigo Testamento, sem deixar de permear o Novo Testamento e a mentalidade judaico-cristã, própria do Novo Testamento, muito têm a ensinar em conjunto; são formas diferentes de enxergar o mundo, e, por conseguinte, de educar, mas que, por fim, desembocam em um único objetivo: o desenvolvimento da pessoa humana, conforme também atesta a autora Inez Augusto Borges:
A personalidade humana é continuamente influenciada pelo tipo de educação recebida no contexto familiar, na escola, através dos meios de comunicação e de todos os tipos de relacionamentos nos quais cada pessoa se envolve. A educação cristã, por sua vez, não pode pretender menos que influenciar profundamente a vida das pessoas e a cultura humana.
Quando analisa-se a educação cristã deve-se analisar dentro da perspectiva bíblica.
1.3.1 – A educação no Antigo Testamento
No Antigo Testamento tem-se como o primeiro educador da humanidade o próprio ‘yhwh’ = YAHWEH = Deus, pois ELE é o precursor do processo educacional dentro da perspectiva bíblica no conceito de fonte na criação, no Pentateuco e na vida de Israel como povo.
Na criação
De forma sistemática no relato da criação onde é explicada como cada parte e principalmente o ser humano foi criado, ELE ensina ao homem e a mulher o que devem e podem fazer no paraíso, ou seja, no Jardim do Éden conforme relata Gêneses 2.7, 8a, 8c, 15b, 16, 17, 18a, 18c, 21a, 22b, 23, 24, 25b:
Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. E plantou [...] um jardim no Éden, [...] e pôs nele o homem [...] e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. [...] lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que [...] esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea [....]cair pesado sono [...] e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. [...] transformou-a numa mulher e lha trouxe.E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. [...] estavam nus e não se envergonhavam. Da mesma forma que no relato bíblico Deus separa Noé e sua família do dilúvio para darem continuidade à humanidade, também chama Abrão para formar o povo de Deus. Na descendência de Abraão em seu filho Isaque e nos filhos de Isaque e etc.
Transliteração literal do termo (yhwh)¹, pois trata-se somente de consoantes hebraicas, que significa Deus. Segundo a tradição judaica é precisamente o nome Deus, mas é impronunciável conhecido como tetragrama sublime da língua hebraica.
1.Trata-se da Transliteração no formato da língua alemã deste termo (yhwh), que é o nome de Deus, segundo a tradição judaica.Versão ARA.

Material extraído do autor: Oliveira, Vagner Silva de. A Educação Cristã com ênfase na Escola Dominical. Rio de Janeiro, RJ: STPRJ, 2005. 102p. Monografia (BTh.) STPRJ. 1.Educação Cristã. 2.Escola Dominical. 3.Monografias. I.Seminário Teológico Presbiteriano do Rio de Janeiro. II.Título.

A Educação Cristã

Ao iniciar uma perspectiva sobre a Educação Cristã, é conveniente buscar antes uma definição genérica de educação, para então partir em direção a uma abordagem bíblica e teológica. O TERMO EDUCAÇÃO Provém do verbo latino ‘educatìo’; ‘educare’, que tem o significado de alimentar, “ação de criar, de nutrir; cultura, cultivo”. A etimologia da palavra oferece uma chave significativa para a natureza da atividade em si, pois o seu cognato educere, significa “guiar, conduzir”, e o prefixo ‘e’, significa “para fora”. Assim, basicamente, educação é a atividade de “conduzir para fora”. O termo educação tem sido utilizado, ao longo dos tempos, com dois sentidos: o individual e o social.
1.1. A ÓPTICA INDIVIDUAL A educação refere-se ao desenvolvimento das aptidões e potencialidades de cada indivíduo, tendo em vista o aprimoramento de sua personalidade. Neste caso, o verbo latino expressa a idéia de estimulação e liberação de forças latentes. Percebe-se que a educação exerce profunda influência na formação da personalidade humana, e a visão que se tem do ser humano sempre determina a prática educativa adotada.
1.2. A ÓPTICA SOCIAL A ação que as gerações adultas exercem sobre as gerações jovens, orientando sua conduta, por meio da transmissão do conjunto de conhecimentos, normas, valores, crenças, usos e costumes aceitos pelo grupo social. Conforme diz Irene Mello de Carvalho: “Não há grupo humano, por mais rudimentar que seja sua cultura, que não empreenda esforços, de um ou outro tipo, para educar suas crianças e seus jovens” . A educação social possibilita que as aquisições culturais do grupo sejam transmitidas às novas gerações, contribuindo para a subsistência do grupo como tal . Walter Garcia busca conciliar, estas duas ópticas:
(...) é necessário verificar em que medida um sistema de ensino coletivo pode, mantendo sua orientação marcadamente social, conservar em seu interior, elementos que permitam a solução dos problemas de adaptação individual. A convergência dos aspectos sociais e individuais talvez seja um dado fundamental ao qual os novos educadores devam dedicar maior atenção.
A educação pode se processar tanto de forma sistemática como de forma ‘assistemática’; educar envolve dois itens ou dois verbos primordiais que parecem estar em lados opostos, mas que convergem para o mesmo ponto. São eles: ‘ensinar’ e ‘aprender’. O verbo ‘ensinar’ tem sua etimologia do latim ‘insígno’, que significa pôr uma marca, distinguir, assinalar; quando se verifica o radical latino: ‘sign’ tem-se sua acepção. O elemento de composição no latim inclui: ‘sigillum’; com vários derivados prefixados, como no português de ensinar, de explicar, de instruir e de treinar.
Neste processo, pode-se visualizar que o verbo ‘aprender’ tem sua etimologia no latim ‘apprendo’; o radical ‘prend’ tanto passa a idéia de prender, apreender ou aprender. Como não se trata de uma postura passiva a partir do sujeito destes verbos, é possível concluir que nenhuma prática educativa pode ser neutra , pois todos os dois verbos são de ação e, portanto, há uma ação do sujeito. É destacada a visão da iniciativa do ser que ensina e aprende, Luiz Ronaldo Freitas de Oliveira define educação como:
(...) ato ou efeito de educar; processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança, do adolescente e do ser humano em geral, visando a sua melhor integração individual e social. Educação envolve todo o agir humano, não se restringe apenas ao ato de educar, como um mero ato de transmitir conhecimentos a alguém. Educar é dar condições ao ser humano de desenvolver suas capacidades, visando a sua própria formação e o bem comum.
A educação é o mecanismo pelo qual o ser humano avança rumo ao crescimento pessoal e coletivo, desenvolvendo-se por completo, junto ao núcleo da humanidade ao qual pertence. Dentro desta forma conceitual, caracteriza-se a educação como ver-se-á na perspectiva cristã.
Material extraído do autor: Oliveira, Vagner Silva de. A Educação Cristã com ênfase na Escola Dominical. Rio de Janeiro, RJ: STPRJ, 2005. 102p. Monografia (BTh.) STPRJ. 1.Educação Cristã. 2.Escola Dominical. 3.Monografias. I.Seminário Teológico Presbiteriano do Rio de Janeiro. II.Título.