A Liturgia Reformada
Características
1.
No entendimento de Calvino, o culto tem o objetivo principal de glorificar a Deus. Todos os elementos da liturgia — leitura, oração, canto, sacramento, sermão — combinam-se para dar voz a uma grande doxologia oferecida pelo seu povo.
Calvino rejeitou os outros conceitos do culto, correntes em sua época:
a) O da Igreja Medieval, para a qual a liturgia servia como meio de obter graça e perdão. Calvino ensinou que a graça e o perdão já foram alcançados para nós pelo sacrifício de Cristo. A congregação se reúne, não para obter graça , mas para celebrar com gratidão o dom gracioso da salvação, concedido por Deus aos que crêem;
b) O dos Anabatistas, os quais argumentavam que a finalidade do culto é proporcionar ânimo e conforto espiritual ao indivíduo. Calvino contestou esta posição por ser uma inversão do objetivo do culto, centralizando-o nos sentimentos do crente, ao invés de dirigi-los ao criador. O culto reformado não é subjetivo, com ênfase nas emoções religiosas do indivíduo. É a glória de de Deus que buscamos no culto, e esta em primeiro lugar. O nosso próprio benefício espiritual é um dos frutos que resulta da adoração a Deus. A comunidade cristã se reúne para render ao Senhor “a glória devida ao Seu Nome”
2.
É na Palavra do Evangelho que Deus se revela a seu povo: a) nas leituras das Escrituras Sagradas; b) no sermão; c) na Santa Ceia, em que a mesma Palavra é comunicada por outra maneira.
3.
Para Calvino, o ponto culminante da liturgia é o Sacramento.
4.
A liturgia não era uma “reforma” feita na Missa; era o reestabelecimento do culto da Igreja Primitiva, sem as perversões da Idade Média.
O Instrumento com que Calvino contou para efetuar a restauração do culto da Igreja Primitiva foi o Saltério. Nos Estatutos relativos à Organização da Igreja e do Culto em Genebra (1537), Calvino escreveu: “Desejamos que os Salmos sejam cantados na Igreja de acordo com o uso da antiguidade e o testemunho de São Paulo. O canto dos Salmos nos estimula a levantar os nossos corações a Deus”. Juntamente com os Salmos, foram cantados também os credos dos primeiros séculos da Era Cristã, o Decálogo, o Nunc Dimitris e outros hinos do Novo Testamento – todos metrificados. O culto Reformado não era inovação baseada na invenção dos reformadores; tinha profundas raízes no passado nas liturgias do antigo Israel e na Igreja Católica primitiva.
5.
Através dos hinos todo o povo de Deus participava na liturgia. Não era um coro de vozes treinadas, que cantava para uma assistência; era a congregação de Jesus Cristo, que cantava para o louvor e a glória de Deus.
6.
A liberdade dentro dos princípios do Cristianismo Primitivo evitava por um lado, o formalismo de ritos mortos, e portanto, o relaxamento que se observa em muitas igrejas, onde qualquer “salada” seve para o culto e onde não existe qualquer sendo de liturgia.
Calvino insistiu em que houvesse liberdade disciplinada, na liturgia do culto.
7.
É importante notar que para Calvino, dar glória a Deus significava muito mais do que entoar louvores no templo aos Domingos. Para ele, significava permitir que o Espírito Santo transformasse a vida individual e coletiva de tal forma que atingisse todos os seus aspectos religiosos, familiares, sociais, políticos, culturais, para se tornarem um grande salmo de louvor a Deus.
Fonte: apostila de palestra sobre Ano Cristão, Liturgia Reformada e Cores Litúrgicas.